Eu estava em frente ao espelho, me arrumando
para o grande dia dele. Ainda era cedo, mas eu não estava certa da escolha da
minha maquiagem, então decidi ficar testando várias combinações, eu acho que eu
só queria distrair-me um pouco daquele dia.
A festa começará às 18 horas, será uma
cerimônia tradicional, do jeito que a noiva quer. Pelo menos foi isso que ele
comentou comigo da ultima vez que conversamos.
Eu nunca parei pra pensar no quanto ele me
faria falta, meu melhor amigo, melhor companhia, meu amante... Quem diria que
se casaria tão cedo? Será que é cedo ou eu que sou egoísta mesmo?
E agora? Quem eu iria chamar pra ir comigo
assistir aquele filme meloso e fingir que éramos um casal apaixonado? Quem iria
intimidar meus futuros pretendentes escrotos na balada? Pra quem eu ia ligar no
meio da madrugada pra me ajudar com a minha insônia?
Eu queria voltar no tempo, pra sermos jovens pra sempre.
Eu não o queria pra mim, o queria comigo. E o casamento significava o fim de
tudo. Até que enfim ele estava tomando jeito, pensando no futuro, criando
responsabilidades. Afinal
ninguém é jovem pra sempre. Enquanto nós dois juntos só pensávamos na
próxima balada, nos próximos planos tolos, na próxima vitima. Como nós éramos
bobos.
Ele sempre foi “o cara”. Tinha um jeito
marrento que eu amava, cabelos loiros que seduziam a maioria das minhas amigas,
um sorriso de canto de boca encantador. Era meio babaca às vezes. Mas eu
perdoava. Afinal, nunca fomos muito diferentes. Egocêntricos, mimados,
orgulhosos e babacas. Todos diziam que fomos feitos um para o
outro.
Eram 16 horas ainda e eu já estava quase
pronta, testei o batom vermelho, afinal, eu tinha que parecer tão feliz quanto
ele, o batom vermelho sempre me deixava poderosa. Não que eu estivesse triste com
seu casamento, não. Era só meu egoísmo mesmo.
“Tlindom” – Era o
som da campainha, eu não estava esperando ninguém. Prendi meu cabelo
rapidamente e fui abrir a porta com vestido de festa mesmo, estava curiosa pra
ver quem era.
- O que
você está fazendo aqui seu louco? Essas horas você deveria estar se arrumando
pra festa. – Fiquei tão surpresa quando o vi na porta.
- Eu vim
porque você é a única que me entende. – Disse e foi entrando no meu apartamento
e sentando-se no sofá.
- A sua
noiva que não vai entender se você se atrasar mais que ela, só lembrando que é
a noiva que tem que se atrasar no casamento. Vai logo se arrumar – Puxei-o do
sofá e tentei o arrastar pra fora.
- Eu não
quero mais casar. – Olhou nos meus olhos e disse com firmeza.
- E você
só decidiu isso agora? – repreendi-o, ele era meu amigo e eu tinha que o ajudar
a fazer a coisa certa. – Nada disso, você só está meio confuso, isso é normal.
– continuei puxando ele pra fora.
- Na
verdade não é o casamento que me assusta, eu estou com medo de... – Eu o
encarava confusa.
- Medo
de que homem? – ri do seu ataque de pânico pré-casamento.
- De
ficar longe de você – fiquei atônita, não sabia o que dizer e fazer. Apenas
senti seus braços me envolvendo, seus lábios encostando suavemente nos meus e o
seu sussurro – Se você me pedir eu desisto de tudo. – me pegou pelos braços e
me beijou, um beijo quente e demorado. Eu me afastei.
- Eu não posso te pedir pra ficar, não posso ser egoísta com você, logo com você que é meu melhor amigo. Eu amei compartilhar a minha juventude com você, fazer as loucuras que fizemos juntos, mas... – não conseguia o encarar. – Eu quero que você seja feliz e eu sou apenas uma diversão da sua juventude. Só posso te pedir uma coisa por mim. Por favor, se case e seja feliz.
- Eu não posso te pedir pra ficar, não posso ser egoísta com você, logo com você que é meu melhor amigo. Eu amei compartilhar a minha juventude com você, fazer as loucuras que fizemos juntos, mas... – não conseguia o encarar. – Eu quero que você seja feliz e eu sou apenas uma diversão da sua juventude. Só posso te pedir uma coisa por mim. Por favor, se case e seja feliz.
Então
ele me abraçou e foi embora. E eu me arrependi de cada palavra que disse, mas
achei que fosse meu lado egoísta gritando. Afinal nós não nos amávamos. Afinal nós não nos amávamos? Algumas lágrimas escorreram pelo meu
rosto e eu me senti confusa, eu nunca soube me reconhecer, nunca soube
interpretar meus próprios sentimentos, era ele que sempre fazia isso por mim.
Enfim a
cerimônia começará. Ele estava lindo de terno e gravata, estava com seu jeito
de marrento de sempre, aguardando a noiva.
Eu
pensei em fazer como nos filmes e na hora que o padre dissesse “Se alguém
tem algo contra esse casamento, fale agora ou cale-se para sempre” eu
gritaria – Eu tenho, o noivo me ama. – E nós fugiríamos pra Miami e seriamos
felizes para sempre. Mas eu não tinha certeza do “para sempre”, não tinha
certeza se o noivo me amava, não tinha certeza se eu o amava, não tinha certeza
sobre Miami. Então o deixei casar-se.
Já na
festa recebi um bilhete do garçom, onde dizia em um cantinho rabiscado no verso
“Estou casando, mas o grande amor da minha vida é você”. Ele nunca foi
muito criativo, roubou o trecho de uma música, mas agora eu tinha certeza e
sabia que o meu medo de ser egoísta, minha confusão de sentimentos, gerada pelo
fato de que eu vivia me blindando de tudo, pra ter a sensação de que eu era
inatingível, impediu-me de viver algo único, aprendi que não devemos ser
covardes.
Declare-se, ame, não solte da mão de quem você ama, pois um dia ele pode ir embora pra sempre. Jamais se afaste do que te faz bem.
Declare-se, ame, não solte da mão de quem você ama, pois um dia ele pode ir embora pra sempre. Jamais se afaste do que te faz bem.
Por: Fernanda Regina
Que fofo
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